22 de abr. de 2013

Secretário da ABCSINDI apóia movimento dos produtores rurais na Bahia.

     O secretário da ABCSINDI (Associação Brasileira dos Criadores de Sindi) na Bahia, o produtor rural Cezar Mastrolorenzo, esteve presente no movimento de protesto realizado dia 15 de abril na cidade de Feira de Santana.
     O protesto organizado pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Feira de Santana e a FAEB (Federação da Agricultura do Estado da Bahia) agregou, além dos sindicatos dos produtores de diversos municípios, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Feira de Santana  e várias entidades ligadas ao setor agropecuário.
O Secretário da ABCSINDI esteve presente à manifestação.
Várias entidades e autoridades compareceram ao debate.
     Durante o evento discursaram algumas autoridades, valendo destacar a presença do Deputado Federal Colbert Martins, Deputado Estadual Carlos Geilson, o vice-prefeito de Feira de Santana, Luicano Ribeiro, e Wilson Paes Cardoso, prefeito de Andaraí. Este destacou que a Bahia está vivendo a pior seca da história, mostrou-se preocupado com as previsões meteorológicas de pouca chuva para o próximo período. O prefeito reclamou ainda da falta de apoio do Banco do Nordeste que, segundo ele, está movendo ações para cobrar dos produtores  as dívidas rurais. “Já não tem mais gado na região da Chapada Diamantina. Há mais de um ano que não chove, e o pior está para acontecer. Estamos em um momento de calamidade pública em alguns municípios do estado. A seca está trazendo doenças como a diarréia, além da instabilidade emocional das famílias. Precisamos de ações emergenciais para evitar óbitos humanos, por que os animais já estão morrendo”, ressaltou. Logo após o encerramento dos debates, os produtores saíram em passeata pela rua Conselheiro Franco, principal rua comercial de Feira de Santana, onde estão localizadas as agências dos Banco do Brasil e Banco do Nordeste, e na porta deste último foi despejada uma caçamba contendo carcaças de animais mortos de fome pela trágica seca que assola o sertão nordestino.
Dr. Carlos Henrique, Presidente do Sindicato
 dos Produtores Rurais de Feira de Santana, discursa
 na rua ao lado dos produtores.
   O  Presidente do Sindicato Rural de Ipirá, o  sindirista José Caetano, fez na porta do Banco do Nordeste um emocionado discurso, onde protestou contra a histórica negligência dos governantes para com o semi-árido. O município de Ipirá é um dos municípios que sofrem com a prolongada estiagem, e até o momento não houve entrega de milho, prorrogação de dívidas, abertura de frentes de trabalho ou qualquer outra medida com o intuito de amenizar o sofrimento do povo baiano.
O protesto fechou a principal rua de Feira de Santana
O agrônomo José Caetano, à frente da passeata.
    O secretário da ABCSINDI, Cezar Mastrolorenzo, diz que “Não posso ver meus amigos e vizinhos neste estado de calamidade e não tomar alguma atitude”, referindo-se as péssimas condições que estão as propriedades e o rebanho da região. E completa: ”Levei anos me preparando para essa seca, meu falecido pai já havia me avisado de uma grande seca que ocorreria nesta década, me falava isso mostrando um gráfico tirado de uma revista de nome Agropecuária Tropical, escrita por Rinaldo dos Santos. Da segunda vez que vi este gráfico foi em uma palestra de Dr. Manelito em Uberaba. Procurei um capim adaptado como o urucloa, plantei um pouco de palma, construí vários tanques de pedra, cavei um poço artesiano de 120 metros, preservei a caatinga com suas riquezas e, por fim, troquei todo o rebanho pelo Sindi”.
Mesmo com todo esse preparo o sindicista diz que ainda não perdeu animais, mas o prejuízo financeiro foi inevitável. “Devemos repensar todo o sistema de produção na caatinga” diz o sindicista, ”não podemos continuar desmatando e destruindo as nossas reservas naturais. Nesta seca o que tem sustentado o meu rebanho, além das pastagens artificiais, são o mandacaru, o  xique-xique, folhas de árvores como o Juá, e a palha do Ouricuri”. O pecuarista diz que em sua propriedade no município de Itatim , Bahia, ele conservou mais de sessenta por cento da sua propriedade intocada  e, onde foram feitas pastagens artificiais, elas são consorciadas com a vegetação nativa.
Muitos Sindicatos, associações e
entidades se fizeram representadas
    Na atual situação não adianta em nada ficar agora procurando culpados. A seca não é algo fabricado. Ela chega lenta e silenciosamente. Muitas vezes dá avisos que nós, simples mortais, ignoramos. Caberia aos órgãos governamentais que possuem a tecnologia dos institutos climáticos interpretarem melhor esses avisos e direcionar políticas públicas, utilizando-se para isso dos órgãos de assistência ao campo e dos agentes financeiros para antecipar-se ao problema, concentrando seus esforços para amenizar ao máximo a tragédia anunciada. Também cabe ao produtor se preparar  tomando todas as providências possíveis para a sua propriedade não ficar tão vulnerável aos fatores climáticos.
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Ipirá,
discursa para os presentes.
   Preservar as áreas de caatinga, e replantar onde elas já não mais existem, perfurar poços artesianos, construir tanques de pedra em lagedos, plantar palma forrageira, construir barragens subterrâneas, fazer silos para estocagem de grãos na safra, trabalhar com animais adaptados ao meio-ambiente; enfim, são várias as medidas que podem ser tomadas para se ter o mínimo de suporte no enfrentamento de uma estiagem.
  No momento o que pode ser feito em caráter de urgência é a liberação de recursos sem burocracia para os produtores adquirirem ração e cavarem poços artesianos, prorrogação das dívidas por tempo indeterminado, isenção de impostos para os produtores comprarem máquinas agrícolas e veículos utilitários.  Depois, em uma segunda etapa, liberação de recursos para preparar o solo para plantio e recuperação de pastagens. Na terceira etapa, após normalização das chuvas, deve-se liberar recursos para aquisição de matrizes e reprodutores e, dessa vez, que impere o bom senso de nossos técnicos  para que em seus projetos coloquem no sertão somente gado de origem zebuína.
Bahia Red Sindhi.









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