9 de jan. de 2012

OPÇÕES NO USO DE FORRAGEIRAS ARBUSTIVO-ARBÓREAS NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL NO SEMI-ÁRIDO DO NORDESTE

 Por:  Gherman Garcia L. de Araújo, Severino G. de Albuquerque
Clóvis Guimarães Filho - Pesquisadores da Embrapa Semi-Árido 
- Caixa Postal 23. 56300-970  - Petrolina, PE

"à medida que a estação seca progride,  há o aumento da 
disponibilidade de  folhas secas de arbustos e árvores"
RESUMO - Estudos têm revelado que acima de 70% das espécies botânicas da caatinga participam da composição da dieta dos ruminantes domésticos. No período chuvoso, as herbáceas perfazem acima de 80% da dieta dos ruminantes. Porém, à medida que a estação seca progride, há o aumento da disponibilidade de folhas secas de arbustos e árvores, as quais se tornam cada vez mais importantes na dieta dos animais, principalmente dos caprinos. Estrategicamente, as espécies lenhosas são fundamentais no contexto da produção e disponibilidade de forragem no Semi-Árido.
caatingueira 
(Caesalpinia pyramidalis;
C. bracteosa)
     As espécies nativas destacam-se pela alta resistência à seca, por já fazerem parte dos sistemas, pelo alto nível protéico (> 12 %) e pelo fato de a maioria produzir outros produtos, como madeira e frutos. Elas têm algumas desvantagens, como alto teor de tanino, e, por isto, nunca devem compor dietas exclusivas. As principais são caatingueira (Caesalpinia pyramidalis; C. bracteosa), umbuzeiro (Spondias tuberosa), maniçoba (Manihot spp.; M. pseudoglaziovii), camaratuba (Cratylia mollis), mamãozinho (Jacaratia corumbensis), e as cactáceas nativas mandacaru (Cereus jamacaru) e facheiro (Pilosocereus pachycladus). Algumas já estão sendo estabelecidas em plantios sistemáticos, como maniçoba e umbuzeiro. A caatinga, por seu lado, formada por espécies forrageiras como um todo, tem suas deficiências como pastagem nativa, mas é uma ótima pastagem na época chuvosa, e por razões de equilíbrio ambiental, estará sempre presente nos sistemas pecuários do Semi-Árido (AS). Daí a
sua inclusão no sistema caatinga-buffel-leucena (CBL).
umbuzeiro (Spondias tuberosa)
     As espécies introduzidas, apesar de um pouco susceptíveis às secas prolongadas, destacam-se pelo alto nível protéico, produtividade, aceitabilidade e baixo nível de tanino. As principais são leucena (Leucaena leucocephala), e gliricídia (Gliricidia sepium). Destas, a leucena é a mais usada em bancos de proteína, por apresentar altos níveis de aceitabilidade, de produtividade (ca. 5 t MS/ha), e de teor protéico (> 20 %). A gliricídia, além de forragem, presta também para cercas vivas, tendo uma grande vantagem sobre outras espécies de "pegar" por estaquia. Outra espécie introduzida que poderá ter grande
juazeiro (Zyzyphus joazeiro)
papel no SA, é a erva-sal (Atriplex nummularia), no aproveitamento do rejeito da água dessalinisada, por tratar-se de uma planta halófita. A produtividade dela quando irrigada com o rejeito foi de 26 t matéria verde/ha/ano, e este material quando fenado e desintegrado, participou com 30 % na dieta de carneiros em confinamento. Além destas espécies citadas, há outras nativas, muito conhecidas regionalmente, como, sabiá (Mimosa caesalpiniifolia), juazeiro (Zyzyphus joazeiro), mororó (Bauhinia sp.), feijão bravo (Capparis flexuosa), jurema preta (Mimosa tenuiflora), sobre as quais, os estudos não foram até agora, aprofundados. 
     A diversificação de uso dessas alternativas forrageiras, nativas vs exóticas e arbóreas vs arbustivas, no sistema produtivo, é muito importante, visto que as respostas das diferentes espécies variam de acordo com as variações climáticas da região; logo, a diversidade de exploração transforma os sistemas agrosilvipastoris menos vulneráveis as condições climáticas da região, que são bastante
"a caatinga, por seu lado, formada por espécies 
forrageiras como um todo, tem suas 
deficiências como pastagem nativa"
distintas entre anos. Entretanto, ainda é muito baixa a utilização dessas alternativas por parte dos produtores, seja por falta de conhecimento, divulgação ou mesmo pelo baixo incentivo e apoio governamental.
     Finalizando, gostaríamos de ressaltar que a continuação de estudos de avaliação e uso das forrageiras já existentes e a busca de novas opções de suplementação adaptáveis às condições agroecológicas e sócio-econômicas da região deve se constituir no esforço principal e constante de todos aqueles, pessoas ou instituições, relacionados com a atividade.


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